O Centro Universitário Alfredo Nasser realizou entre os dias 22 a 26 de novembro a Jornada Acadêmica de Estudos da Saúde da Família, com o tema: “Resiliência – Matéria prima para a reconstrução dos vínculos com a equipe multiprofissional de saúde as famílias e comunidade.

 O evento é uma iniciativa da disciplina Programa Integrado de Estudos na Saúde da Família e em sua oitava edição teve a adesão de 4.580 inscrições, média de 530 pessoas por dia.

Trata-se de um evento onde os discentes, do segundo ao oitavo períodos do curso de Medicina, inseridos na atenção primária, utilizando-se da metodologia da problematização com o uso da técnica do Arco de Maguerez, apresentam os trabalhos desenvolvidos ao longo do semestre durante a disciplina mencionada.

A teoria criada pelo francês Charles Maguerez aplica o ensino e promove a aprendizagem a partir da realidade. Foi implantada na formação para o trabalho de analfabetos originários de países africanos, que migraram para países em desenvolvimento para trabalhar em indústrias, usinas petrolíferas e na agricultura. A proposta era compreender conteúdos específicos do trabalho, a língua e a cultura do novo país. Da observação do real, seguia-se à maquete do objeto estudado, à discussão das teorias e à execução de outra maquete, para depois estudar o que tinham aprendido a partir da realidade.

O objetivo principal da Jornada Acadêmica de Estudos da Saúde da Família é estimular a iniciação dos discentes do curso de Medicina no meio acadêmico, promovendo trocas de experiências, divulgação de trabalhos de ensino, pesquisa e extensão, assegurando o reconhecimento institucional destas ações além de formar profissionais médicos capazes de superar o modelo medicalizante/biomédico, com um olhar diferenciado para o modo de viver das pessoas, construindo a crítica do ponto de vista do cuidado integral, assegurando a qualidade e humanização da assistência aos indivíduos, famílias e coletividades.

“Diante do cenário pandêmico de um ano e meio, não tivemos a disciplina de forma presencial, retomamos de forma parcial esse semestre para as Unidades Básicas de Saúde. Oportunidade de o acadêmico desenvolver as atividades laborativas dentro da Estratégia da Saúde da Família”, explica o professor Joede Alvarenga de Souza Luniere, idealizador da Jornada e supervisor do PINESF na Unifan.

“O Centro Universitário Alfredo Nasser, ciente de sua responsabilidade social na construção de um sistema de saúde efetivo, busca fomentar, em sua proposta, uma sistemática de formação de médicos integrada às necessidades sociais, individuais e coletivas, a partir do reconhecimento e da vivência cotidiana do estudante com suas responsabilidades e atribuições no campo prático da saúde”, afirma a professora Thaiza Anjos, integrante da comissão organizadora.

“Percebemos que a cada semestre os estudos partilhados e as ações vivenciadas na realidade, caminhamos para uma Medicina personalizada e preditiva, uma Medicina que antecipa problemas e promove a qualidade de vida. Somos instigadores do inovar e da promoção das enfermidades de cada paciente e seus familiares. Acreditamos que a família é o verdadeiro bem mais precioso”, ressalta o professor Joede.

Para a acadêmica de Medicina Christine Ott Lima, a experiência foi muito valiosa. “O que, inicialmente, seriam visitas pontuais, de repente, se transformou em uma escola de aprendizagem. Olhares desconfiados; sorrisos tímidos. Sim! Invadimos o espaço deles. Não estávamos prontos. Eles nos prepararam, nos ensinaram, nos mostraram o que é superação de verdade. Nos fizeram entender, que atitudes simples são veículos – em potencial – de mudanças significativas. Mudanças que contagiam e ensinam que “viver é não ter a vergonha de ser feliz”. Experienciamos, a importância de cuidar do outro como sangue do nosso sangue. Nos dedicamos ao processo de melhorar o ser humano como um todo. Nos preocupamos em fazer da experiência de envelhecer, a possibilidade de criar, de se reinventar, de reviver. Fizemos dos movimentos, possibilidades de expressão. Da música, oportunidades de boas recordações. E, assim, conseguimos conquistar respeito, amizade… arrancar lindos sorrisos… Porque é desse modo que a relação paciente-médico se inicia, com confiança, respeito e amabilidade”, finaliza a discente.

Acadêmica do segundo período de Medicina, Wiviane Dias Lopes participou pela primeira vez da Jornada, apresentando um artigo que abordava uma convivência saudável em uma ILPI.

As ILPIs são instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinadas ao domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar e em condições de liberdade, dignidade e cidadania.

“Analisando tudo que passei na construção dessa pesquisa, posso dizer que o meu trabalho acadêmico conseguiu extrair o meu melhor, fazendo com que não haja dúvidas que essa carreira é, de fato, a minha vocação. Devo todo o mérito do desenvolvimento da pesquisa aos meus pacientes, que brilhantemente empenharam-se e se esforçaram no desenvolvimento das tarefas lúdicas propostas, no ramo da arteterapia e musicoterapia. Bem como, aceitaram resgatar as memórias afetivas e melhorar o desenvolvimento cognitivo e habilidades motoras. Já no aspecto de ouvinte, deixo registrado que aprendi muito a cada tema abordado pelos colegas. Aprendizado este que levarei para o resto de minha trilha acadêmica e profissional. Pude compreender que os diferentes olhares, saberes e sensibilidades, tem muito a contribuir no nosso aprendizado acadêmico”, ressalta a acadêmica de Medicina.